Quem é frequentador da Bienal do Livro das antigas percebeu que muita coisa mudou. Na última edição em São Paulo, o mega evento esperado por milhares de fãs de livros estava bem diferente. Introduzida aos poucos, a vitrine de livros na Bienal é uma excelente oportunidade de venda para editoras, gráficas e distribuidoras, e claro, também para os devoradores de livros que puderam encontrar diversos estandes com promoções de títulos menos procurados.

Você disse livros em promoção, baby?
Entretanto, a última edição deixou claro que o objetivo de todas as editoras ali era vender. Não é errado ganhar dinheiro, né, minha gente? Porém, transformaram a Bienal numa grande livraria de infinitos metros quadrados. Só isso.
A grande maioria dos estandes, inclusive de editoras gigantescas no Brasil, não tinham nenhuma atração, momento de interação, local para trocar ideias. Eram apenas vitrines, filas e caixas. Na verdade, muitas filas. Quem não comprou o ingresso antecipado pela internet, chegou a encarar 3 horas de fila apenas para a compra – sem contar mais fila para entrar e validar o ingresso na catraca.

Tudo mais far far away que a terra da princesa Fiona
O objetivo principal era vender (caro) os lançamentos e as apostas/best-sellers em grande maioria internacionais. Os preços de capa não estavam baixos. Sem contar que, para um evento com tanto potencial de networking, a Bienal deixou a desejar para interações entre escritores nacionais em ascensão e seu futuro público. Apenas o estande Kindle/Amazon se dedicou em oferecer um conteúdo diferente e fora dos padrões com uma vasta programação de bate papos e dicas de autores de sucesso da plataforma KDP (Kindle Direct Publishing) and uma promoção incrível de assinatura Kindle Unlimited por apenas R$1,99 por três meses para ter direito a ler mais de um milhão de livros no app gratuito.

É mais difícil que escolher que filme ver na Netflix
Outro ponto marcante foram os espaços para fotos. A Editora Leya foi a percursora dessa mania que se tornou um viral, reproduzindo o trono de “Game of Thrones” para os fãs tirarem fotos. A decoração é, inegavelmente, um espetáculo a parte. Quem trabalhou com eventos sabe o trabalho (e o dinheiro) que se vai para deixar tudo nos trinques. Mas fora ficar na fila para comprar livros… Você tinha a opção de ficar na fila para tirar fotos nesses espaços.

Estande da Leya.
Realmente a diversidade e verdadeira interação entre os fãs e leitores entre si deixou a desejar. Os autores mais famosos eram inacessíveis por questões óbvias (fãs fanáticos) e precisavam ir para um espaço a parte para filas e autógrafos (com poucas senhas que esgotavam em segundos e uma barricada de seguranças).
A entrada para os não-pagadores-de-meia era um pouco salgada, R$25. De qualquer forma, estar lá sempre vale a pena porque a atmosfera é contagiante, aquela maré de olhos radiantes. Ver tanta gente apaixonada por livro renova as esperanças de um país com uma taxa tão baixa de leitores. Sem contar que é uma baita multidão de gente do bem. Você já viu uma pessoa pausar a leitura de um livro pra ir assaltar alguém?







